quarta-feira, 5 de maio de 2010

Teoria do não-objeto

O texto, escrito em tom de manifesto, é a continuação da II exposição neoconcreta. Dividido em três partes: Morte da pintura, Obra e Formulação Primeira.
O que o não-objeto NÃO é: objeto negativo, oposto do objeto, antiobjeto (vejo aqui uma crítica clara à arte conceitual). Ele É: objeto especial, síntese de experiências sensoriais e mentais, corpo transparente ao conhecimento fenomenológico, não deixa resto, pura aparência.

O não-objeto dura só um instante. Algumas obras falam às nossas costas. O não-objeto, não. Ele não nos segue. Merleau-Ponty aponta que, no sentido hegeliano, a fenomenologia é a lógica do conteúdo, da ordenação espontânea. Como congregação de vários vértices de experiêncua, em uma verdade instríseca. Trata-se do conhecimento tácito, ou seja, de todo conhecimento que a obra adquire em seu tempo de vida. Ela se coloca, fala por si, transforma o espaço, fundando um lugar. O lugar é o espaço assenhorado.

Creio que nesse texto, ao colocar os problemas do não-objeto, e de sua vital necessidade de ser, o que Gullar pretende fazer é desatar o nó metafísico que envolve o próprio conceito de coisa. A coisa em si de Kant, que não considera que o pensamento conheça as coisas, pois o que eu conheço, conheço em mim. Ou seja, a luta contra o objeto me parece a luta entre o fenômeno (a coisa em mim) e o noumeno (a coisa em si, incogniscível).

O não-objeto é a formulação primeira do mundo, é a resposta dada pela obra no instante mesmo de nosso contato com ela, é o que ela é, e ao mesmo tempo o que eu a torno. o não-objeto é o que se dá no intervalo entre essas duas verdades.

Roberta Calábria

O legado de Jackson Pollock

O legado de Jackson Pollock
Apresentação e comentários sobre o texto escrito em 1958 por Allan Kaprow
Monique Allain



Resumo

O texto é uma homenagem e um lamento pela perda do artista. O autor destaca a importância da obra de Pollock ao romper com a tradição ocidental e propor o avesso de uma pintura, “uma arte que tende a se perder fora de seus limites” cujas inovações propostas foram incorporadas em apenas dois anos, até mesmo na academia .

Kaprow aponta o pintor como inaugurador de uma nova arte na qual o ato de pintar deixa de ser representativo, o processo é valorizado e se sobrepõe ao interesse pelas composições usuais, há incorporação do improviso, o artista se vê absorvido dentro dos grandes formatos no chão, seu gesto aproxima-se do ritual, e há uma expansão para além dos limites da tela conferindo a ela um caráter espacial tridimensional. A unidade pictórica turbulenta e sem contornos apesar de sua uniformidade, está impregnada de subjetividade, provoca a perda do “self” e envolve o espectador que se torna participante no delírio do artista. A pintura é quem determina o espaço . A instalação não tinha sido cunhada até então, e aqui ela se manifesta.

O autor vê duas alternativas para o futuro: a primeira, não mais inovadora, é dar continuidade à obra de Pollock. A segunda é desistir da pintura, ao menos como algo limitado a uma área e a um plano.


Algumas questões:
1. É possível afirmar que Pollock abdicou completamente da representação na pintura que caracteriza seus “all over” e “action painting”?
2. Quais relações podem ser estabelecidas entre a pintura de Pollock e os trabalhos tridimensionais dos artistas minimalistas no que se refere à espacialidade?
3. De que maneira a produção brasileira dialoga com a cena internacional e contribui para a renovação dos processos de criação nos anos 50 e 60?


O legado de Jackson Pollock

O texto escrito em 1958, dois anos depois da morte de Jackson Pollock é uma homenagem e um lamento pela perda do artista. Kaprow constata que ao contrário do que se pensava no momento da morte de seu colega, em apenas dois anos as inovações propostas pelo pintor foram incorporadas até mesmo na academia.

“O ato de pintar, o novo espaço, a marca pessoal que gera a sua própria forma e sentido, o entrelaçamento infinito, a grande escala, os novos materiais passaram a ser, agora, clichês nos departamentos das escolas de arte. As inovações foram aceitas. Elas estão se tornando parte dos livros de teoria ”.

O autor destaca a importância da obra de Pollock ao romper com a tradição ocidental e propor o avesso de uma pintura, “uma arte que tende a se perder fora de seus limites”, um resgate da magia e do rito e, portanto, da vida, na produção artística. Ele aponta o pintor como inaugurador de uma nova arte:

“Jovens artistas de hoje não precisam mais dizer “Eu sou um pintor” ou “um poeta” ou “um dançarino”. Eles são simplesmente “artistas”. Tudo na vida estará aberto para eles. Descobrirão, a partir das coisas ordinárias, o sentido de ser ordinário. Não tentarão torna-las extraordinárias, mas vão somente exprimir o seu significado real. No entanto, a partir do nada, vão inventar o extraordinário e então talvez inventem o nada. As pessoas ficarão deliciadas ou horrorizadas, os críticos ficarão confusos ou entretidos, mas estes serão, tenho certeza, os alquimistas dos anos 60” .

O ato de pintar deixa de ser representativo, o processo é valorizado e se sobrepõe ao interesse pelas composições usuais, o improviso é incorporado, o artista é absorvido dentro dos grandes formatos dispostos no chão, seu gesto aproxima-se do ritual, e há uma expansão para além dos limites da tela, conferindo-lhe um caráter espacial tridimensional. Apesar da uniformidade, a unidade pictórica turbulenta e sem contornos, impregnada de subjetividade, provoca a perda do “self” e envolve o espectador no delírio do artista e torna-o participante. A pintura é quem determina o espaço . A instalação não tinha sido cunhada ainda, mas aqui ela se manifesta .

Kaprow vê duas alternativas para o futuro: a primeira, não mais inovadora, é dar continuidade à obra de Pollock. A segunda é desistir da pintura, ao menos como algo limitado a uma área e a um plano . Ele aponta a necessidade do artista assumir um ponto de vista de dentro, como elemento parte do processo e não mais como um espectador externo que assiste a vida e o mundo acontecerem, um criador livre para explorar todos os sentidos e incorporar qualquer objeto ou tipo de material .

A junção de forças e dinâmica que se estabelece entre a produção de Pollock e as palavras de Kaprow amplificam o impacto e apreensão de novos paradigmas nos procedimentos e valores artísticos, acelerando desta forma os processos de renovação da arte. Constata-se o quão profícuo pode ser o diálogo entre artistas.
Allan Kaprow (Atlantic City, 1927-2006)

Artista proeminente do final dos anos 50 na cena americana, inspirado pela obra de Pollock, Kaprow introduziu o termo happening e conduziu a “action-painting” em direção à multimídia. Provocou com sua anti-arte mudanças radicais na produção artística do final do século XX .

Em 1988 durante entrevista na ocasião em que participava de um simpósio em sua homenagem na Universidade do Texas em Arlington, Kaprow confirmou que empregou o termo “happening” pela primeira vez no texto O legado de Jackson Pollock .

“It was actually semi-conscious. It occurred in a paragraph toward the end of the article, which was about the presumed legacy of that artist, who had died shortly before then, in which I said there are two directions in which the legacy could go. One is to continue into and develop an action kind of painting , which was what he was doing, and the other was to take advantage of the action itself, implicit as a kind of dance ritual. Instead of making ritualistic actions, which might be one directions someone could take, I was proposing the hop right into real life, that one could step right out of the canvas, which in his case, he did while painting them” .

Referia-se a si mesmo como um “un-artist” (um artista ao avesso, mais do que um não artista) e realizava seus “happenings” em locais fora do circuito das artes tais como em galpões, lojas, ginásios e estacionamentos .

Estudou história da arte com Meyer Schapiro e composição com John Cage. Formado pela NYU e pela Hans Hoffman School, obteve o master na Columbia University. Foi professor emérito na Universidade da Califórnia em San Diego. Iniciou sua carreira artística com pintura abstrata, também trabalhou com instalações, mas acabou se destacando em suas performances :

“Performance is the replacement of the word happening, or event, or activity, which we used in those days to refer to a number of somewhat related kinds of real time events. What's called an installation today is the child of what used to be called, before the happenings, an environment. Now, I think that if you look at the words there, the shifts indicate something like a real change toward the installation compared to that of the environment, and the performance to that of the happening. If you look at the word installation, installation means, very simply and literally, that somebody is taking something already fabricated or made, generally, and installing it. It has a kind of implicit art activity to it. It also suggests a kind of aesthetic intentionally, much as you would install a sculpture in a museum. The environment, the etymology of the word, and the whole connotation of the word environment, is that of a surround, in which the particular parts are not necessarily placed with some kind of formal care for their external cohesion, but rather as an interaction between the person who is being surrounded and the stuff of that environment. It has a kind of a fullness to it, which the work installation doesn't. Installation suggests a discreteness. Now, look at the word performance. It too has a conservative evocation. When you hear that word you think of Jascha Heifitz performing on the violin, Sir Laurence Olivier performing Shakespeare, and so on. You don't ordinarily think of a high performance engine, which is the more vernacular meaning of the word in English, and in many other European languages it's used the same way. So, there is the return to a kind of artifying activity, a kind of singular focus on the performer as artist, in a way that a virtuoso was a performer in classical music, or still is. Or an actor” .

Assim como John Cage, intercalava atitudes ao acaso e improvisadas com gestos planejados para criar em suas performances situações de estranhamento, chamar a atenção do público, torná-lo cúmplice e participativo na criação. Realizou seu primeiro trabalho nesta linha, "Eighteen Happenings in Six Parts” em 1959 na galeria Reuben em Manhattan da qual era um dos fundadores. Nos seus primeiros eventos ele já reunia movimento, som, luz e ambientação, instruindo performers e público.

Morreu de causa natural em sua casa na Califórnia, próximo a San Diego no dia 5 de Abril de 2006 aos 78 .


Jackson Pollock

Pollock nasceu em Cody, no estado de Wyoming, começou seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para Nova York. Sua obra está inserida no Expressionismo Abstrato , movimento artístico com início em Nova York no final dos anos 40, que recupera o valor da expressão e subjetividade do artista, retira da Europa e traz para os EUA a hegemonia da arte contemporânea .

O trabalho de Pollock é concebido como fruto de uma relação corporal com a pintura, resultado do encontro entre o gesto e a tinta. "Antes da ação... não há nada: nem sujeito, nem objeto". Ele se torna parte da pintura. O tratamento uniforme da superfície da tela e o abandono de idéias tradicionais de composição inauguram o all-over , termo introduzido pelo crítico norte-americano Clement Greenberg.

Estas palavras (1947) definem os traços essenciais de sua técnica e estilo, batizado em 1952 de action painting pelo crítico norte-americano Harold Rosenberg.

“Minha pintura não vem do cavalete. Eu raramente estico a tela no chassi antes de pintar. Prefiro fixar a tela diretamente na parede ou no chão. Preciso da resistência de uma superfície dura. Com a tela no chão, sinto-me mais à vontade. Sinto-me mais próximo da pintura, tenho a impressão de fazer parte dela, pois posso movimentar-me a sua volta, trabalhar nos quatro lados da tela, estar literalmente dentro da pintura. É um método parecido com o dos pintores índios, que trabalhavam sobre a areia“.

O conjunto destes aspectos acima enumerados leva a pintura a uma expansão no espaço. Se as bordas apresentam uma densidade um pouco menor, o resultado é uma imagem vibrante que rompe com os limites do formato e do plano da tela.
Apesar de nunca ter saído dos Estados Unidos, lança os princípios estéticos de mais de uma geração de artistas americanos que se expandem pelo mundo todo. Suas obras e a action painting tiveram forte impacto em diversos países da Europa a partir de 1960.

Algumas de suas principais inovações foram:
1. Vivência x representação - Ele introduz o processo como aspecto fundamental da obra ao substituir a representação pela vivência. A ação do corpo no espaço impregna na tela camadas sobrepostas de tinta com variações cromáticas e tonais. Os movimentos executados pelo pintor emergem na pintura, conferindo-lhe uma tridimensionalidade vivida e não representada, adensando a obra e seus significados. A pintura adquire uma autonomia e vida própria. Ele introduz os princípios da performance.
2. Procedimentos da pintura - A tela sai do cavalete e vai para o chão. As pinceladas estão ausentes, e marcas de tinta resultam de gotejamento, “espirramento" ou lançamento de tinta.
3. Escala - Ao optar por grandes formatos, a escala estabelece uma relação corporal entre o artista e a obra que o transportam para dentro dela. Do mesmo modo, o observador é absorvido para dentro dela e pode apreender através do sensório a experiência vivida pelo artista.

A obra de Pollock vem sendo revista e novas interpretações estão surgindo dos estudos realizados nos últimos anos. A exposição na Pinacothèque de Paris em 2008 de uma parte pouco conhecida de sua produção, depois de 25 anos de ausência na cena francesa, contribuiu para uma renovação do olhar sobre o artista. A aparente abstração e gestualidade espontânea não podem ser reduzidas ao automatismo valorizado pela psicanálise como método para manifestação do inconsciente. A exposição Jackson Pollock et le Chamanisme curada por Marc Restellini que vê o artista como um dos mais importantes nas contribuições para o desenvolvimento da produção contemporânea, propõe como abordagem para releitura da obra de Pollock a influência da cultura ameríndia e do xamanismo. A exposição mostra a produção da primeira parte de sua obra.

Os trabalhos são apresentados junto com objetos raros xamânicos ameríndios emprestados especialmente para esta exposição. Ao colocá-los lado a lado, é possível reencontrar estes objetos nas telas do artista evidenciando o indiscutível caráter místico e o conteúdo espiritual nas obras de Pollock, que traduziam o espírito angustiado do contexto político americano dos anos 30. Restellini ressalta a semelhança entre a crise econômica iniciada em 2008 que os Estados Unidos vem enfrentando e que se refletiu no mundo à situação vivida naquele momento pós-guerra pelos Estados Unidos. Nos anos 30, uma série de intelectuais ficou marcada e a percepção de caos generalizado se propagou pelo mundo e aderiu ao inconsciente coletivo dos americanos. Segundo Restellini, Pollock procurava uma solução para esta situação através da psicanálise e das práticas ritualísticas provenientes de um retorno ao primitivismo .

Ele morre em um acidente de carro aos 44 anos em 1956.


LINK

http://www.youtube.com/watch?v=m519hpROIlI&feature=related


BIBLIOGRAFIA


KAPROW, Allan. O legado de Jackson Pollock [1958], in: FERREIRA, Glória e COTRIM, Cecilia. Escritos de Artista: Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 37-45.

vídeos Neoconcretismo/ Cinema Novo

Alguns vídeos interessantes sobre o neoconcretismo no Brasil, com enfoque no Hélio Oiticica, e também sobre o Cinema Novo de Glauber:

http://www.youtube.com/watch?v=iyEH58BhxAA

http://www.youtube.com/watch?v=0IiMOX-_aOc


http://curtadodia.blogspot.com/2009/05/heliorama.html

Stoppages

Network of Stoppages

Reflexões sobre Duchamp - Jasper Johns, 1969

Jasper Johns retoma seu debate anterior sobre Duchamp, presente em seu texto “Marcel Duchamp (1997-1968)”, de 1968, em que já enunciava sua abordagem artística distinta, a qual estabelecia porosidades entre as esferas da linguagem, pensamento e visão, com desdobramentos para diversas manifestações artísticas posteriores.

“Suas referências cruzadas de visão e pensamento, o foco cambiante de olhos e mente, deram um sentido renovado ao tempo e ao espaço que ocupamos, negaram qualquer preocupação com a arte como arrebatamento. Nenhum fim está previsto nesse fragmento de uma nova perspectiva” (Johns, 204).

Duchamp teria sido pioneiro na abordagem contemporânea da arte, através da diluição das fronteiras entre artista e espectador. A partir de suas propostas, houve o enfraquecimento do controle da produção estética ou artística por parte do artista, e conseqüente participação cada vez maior do espectador.

“O readymade foi movido mentalmente, e, depois, fisicamente, para um lugar ocupado previamente pela obra-de-arte. As conseqüências desse simples rearranjo provavelmente ainda não se esgotaram” (Johns, 209).

Outro aspecto marcante em suas proposições é a presença de uma nova abordagem espaço-temporal; a dimensão da duração, do processo começa a se manifestar. A arte passou a se recolocar como proposição aberta, inacabada; o processo tornou-se mais relevante do que a vontade final do artista. Para tanto, jogos e alternâncias entre estático e móvel, expressando a preocupação com os desdobramentos temporais da obra, de mostram presentes em diversas de suas propostas.

“Ele foi o primeiro a ver ou dizer que o artista não tem total controle das virtudes estéticas de sua obra, que outros contribuem para a determinação da qualidade. Ele parecia imaginar a obra de arte como envolvida em uma espécie de reação em cadeia até que fosse, de algum modo, capturada ou parada, fixada pelo ‘veredicto final’ da posteridade” (Johns, 208).

Talvez uma das mais controversas questões levantadas por Duchamp tenha sido postar uma dúvida sobre o que definiria uma obra de arte, de modo a abalar as bases que fundamentavam uma tradição artística consolidada – o que foi possível, por exemplo, por meio do uso que faz dos readymades. Isto envolvia, por conseguinte, contestar e alterar as definições usuais de objeto (artístico), artista e espectador, o que não significava, necessariamente, instaurar novos conceitos e convenções, mas sim deixar um campo em aberto para outras percepções. Talvez por isso mesmo, sua própria postura se mostrava tampouco conclusiva, tendendo mais para uma ironia ou deboche, sem aparentar muita seriedade, sem se importar com possíveis ambigüidades presentes em seu discurso, e, até mesmo, sem chegar a se afirmar, em definitivo, como artista.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Neoconcretismo



Este Clip expõe através de uma seqüência visual e auditiva, um recorte no momento histórico em que foi escrito o MANIFESTO NEOCONCRETO.

Utilizei para a edição os seguintes vídeos, além de fotos retidas na internet

http://www.youtube.com/watch?v=TYRcKaXw6EQ
http://www.youtube.com/watch?v=http://www.youtube.com/watch?
http://www.youtube.com/watch?v=SURfcU6oq4U&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=pyBijXIjK48
http://www.youtube.com/watch?v=LH6uh5SKRRc

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Falando sério ou Comentários sobre A Nova Escultura, de Clement Greenberg, 1947 por Diego BIS, 2010

Comentários sobre A Nova Escultura, de Clement Greenberg, 1947 por Diego BIS, 2010


Greenberg faz uma apologia da escultura como campo privilegiado da sensibilidade moderna, a partir de novas técnicas, materiais e da crise da pintura, anunciando questões para a arte que seriam resolvidas na escultura moderna, a nova escultura. Há uma escolha historiográfica que atribui ao cubismo o papel de precedente nos desenvolvimentos da arte contemporânea que passam pela escultura. Não por acaso, uma das trajetórias artísticas mencionadas é a de Brancusi, para além dos relevos de Arp e dos caminhos abertos por Rodin. Há uma negação dos temas e dos materiais tradicionais da escultura em favor de novas técnicas, materiais, processos e movimentos; no entanto, há uma afirmação da escultura como campo da arte.

Devemos lembrar o papel de Greenberg no deslocamento dos debates e produção de arte contemporânea para os Estados Unidos, notadamente através da promoção de Jackson Pollock e o expressionismo abstrato, num momento em que a arte se aproxima da vida e questões cotidianas, encontrando sintonias e confluência em novas formas e categorias em lugares até então excluídos do circuito internacional de idéias em torno da arte, como o Brasil.

Curiosamente, Greenberg ignora a obra e a pesquisa em torno da escultura móbile ou stabile de Alexander Calder, que faz a passagem entre Paris, então capital cultural da Europa e os americanos. Na relação de Calder com o Brasil e os arquitetos brasileiros podemos enxergar as dimensões geopolíticas do projeto construtivo no Brasil, clara também na exposição Brazil Builds, promovida pelo MoMA de Nova York em plena guerra. Greenberg está implicado nestas sutis relações e tem o seu papel como ideólogo de um determinado projeto artístico, com contornos formais, implicações políticas e limites claros.


>>Questão>> Porque este texto em especial teve tamanha significação para o projeto construtivo brasileiro? Quais são as implicações e obras que refletem estas idéias e em que momento surge a crítica?




na praia


nossos amigos Clement Greenberg, sua adorável esposa, uma criancinha genérica, Jackson Pollock e a nem tão adorável Lee Krasner, curtindo um verão juntos...

Neoconcretismo


O Neoconcretismo foi um movimento artístico surgido no Rio de Janeiro em fins da década de 1950 como reação ao concretismo ortodoxo.
Os neoconcretistas procuravam novos caminhos dizendo que a arte não é um mero objeto: tem sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro. Eram contra as atitudes cientificistas e positivistas na arte. A recuperação das possibilidades criadoras do artista (não mais considerado um inventor de protótipos industriais) e a incorporação efetiva do observador (que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas) apresentam-se como tentativas de eliminar a tendência técnico-científica presente no concretismo.
O movimento neoconcreto nunca conseguiu impor-se totalmente fora do Rio de Janeiro, sendo largamente criticado pelos concretistas ortodoxos paulistas, partidários da autonomia da forma em detrimento da expressão e implicações simbólicas ou sentimentais.